" a alfabetização de crianças cegas vai além de ensinar a ler e escrever, é também cm a orientação do professor que essas crianças aprenderão a ler o mundo, o que proporcionará a elevação de sua autoestima e a busca de sua independência e autonomia, dando-lhes oportunidade, sobretudo, da conquista de espaços sociais por sua competência acadêmica."
Louise da Rosa Bento Saleu
1- Não trate as pessoas cegas como seres diferentes somente porque não podem ver. Saiba que elas estão sempre interessadas no que você gosta de ver, de ler, de ouvir e de falar.
2-Procure não limitar a pessoa cega mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-a de realizar o que sabe, pode e deve fazer sozinha.
3- Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça, estendendo-os a outros cegos; não se esqueça de que a natureza dotou a todos os seres de diferentes individuais mais ou menos acentuadas e que os preconceitos se originam na generalização de qualidades, positivas ou negativas, consideradas por cada um.
4- Não se dirija a uma pessoa cega chamando-a de "cego" ou "ceguinho"; é falta elementar de educação, podendo mesmo expressar um sentimento falso e piegas, ou construir ofensa, chamar alguém pela palavra designativa de sua característica sensorial, física, ou intelectual.
5- Não fale com a pessoa cega como se fosse surda; o fato de não ver não significa que não ouça bem.
6- Não manifeste pena nem exagerada solidadriedade pela pessoa cega; ele deve ser compreendida e aceita com igualdade.
7- Não se refira à cegueira com desgraça; ela pode ser assim encarada logo após a perda da visão,mas a orientação adequada consegue reduzir seus efeitos; depende de sua determinação, do apoio familiar e da comunidade onde vive; NÃO CONFUNDIR DOENÇA COM DEFICIÊNCIA.
8- Não exclame "maravilhoso"..."extraordinário"...ao ver a pessoa cega consultar o relógio, digitar o telefone ou assinar nome; ela apende e passa a executar isso com naturalidade, da mesma forma que você executa.
9- Não fale de "sexto sentido" nem de "compensação da natureza", em se tratando de deficiência; isso perpetua conceitos errôneos; o que há na pessoa cega é fruto do aprendizado continuado, ou simples desenvolvimento de recursos mentais latentes em todas as pessoas.
10- Não modifique a linguagem para evitar a palavra ver e substituí-la por ouvir; conversando sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego sem rodeios.
11- Não segure a pessoa cega com rigidez ao ajudá-la a atravessar a rua, tomar condução, ou caminhar com ela.
12- Não acompanhe a pessoa cega em diagonal ao atravessar um cruzamento; isso pode fazê-la frequentemente perder a orientação.
13- Não deixe de oferecer ajuda à pessoa cega que esteja querendo atravessar a rua ou tomar condução; ainda que seu oferecimento seja recusado ou mesmo mal recebido por algumas delas, esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto;
14- Não pegue a pessoa cega pelos braços rodando com ela para pô-la na posição de sentar-se, empurrando-a depois para a cadeira; basta pôr-lhe a mão no espaldar ou no braço da cadeira, que isso lhe indicará sua posição.
15- Não deixe portas e janelas entreabertas onde haja alguma pessoa cega; conserve-as sempre fechadas ou bem encostadas à parede, quando abertas; as portas e janelas meio abertas constituem obstáculos perigosos.
16- Não deixe objetos no caminho por onde as pessoas costumam passar.
17- Não acompanhe a pessoa cega empurrando-a ou puxando-a com rigidez;basta deixá-la segurar seu braço, que o movimento de seu corpo lhe dará a orientação de que precisa;
18- Não se dirija a outra pessoa, quando quiser falar com a pessoa cega, admitindo assim que ela não tenha condição de compreendê-lo e de expressar-se; ela responde por si própria.
19- Quando encontrar a pessoa cega que já estiver acompanhada, não a pegue pelo outro braço, nem lhe fique dando avisos; deixe-a ser orientada só por quem a estiver acompanhando inicialmente.
20- Não diga apenas "à direita", "à esquerda", ao procurar orientar uma pessoa cega à distância; muitos se enganam ao tomarem como referência a própria posição e não a da pessoa cega que caminha em sentido contrário ao seu.
21- Não deixe de se anunciar ao entrar no recinto onde haja pessoas cegas; isso auxilia a sua identificação.
22- Não saia de repente quando estiver conversando com uma pessoa cega, principalmente se houver algo que a impeça de perceber seu afastamento; ela pode dirigir-lhe a palavra e ver-se na situação desagradável de falar sozinha.
23- Não deixe de apertar a mão de uma pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se dela; o aperto de mão é uma forma de comunicação e representa um ato de cordialidade.
24- Não perca seu tempo nem o da pessoa cega, perguntando-lhe; "Sabe quem sou eu?"... "veja se adivinha quem sou"... Identifique-se imediatamente.
25- Não deixe de apresentar o seu visitante cego a todas pessoas presentes em um determinado ambiente; assim procedendo, você facilitará a possível integração dele ao grupo.
26- Não se comunique por gestos e mímica, em um ambiente onde haja pessoas cegas, já que esta atitude caracteriza um ato de exclusão.
27- Não fotografe ou filme uma pessoa cega sem que ela saiba.
28- Ao conduzir uma pessoa cega a um ambiente que lhe é desconhecido; oriente-a de modo que possa locomover-se com maior autonomia.
29- Não se constranja em alertar a pessoa cega quando a qualquer incorreção no seu vestuário.
30- Durante as refeições, informe a pessoa cega com relação à posição dos alimentos colocados em seu prato, bem como à posição dos talheres e copos na mesa, evitando assim qualquer incidente.
31- Não suponha que a pessoa cega possa localizar a porta onde deseja entrar ou o lugar aonde queira ir, contando os passos; estes não podem servir de referência, já que cada pessoa tem uma dimensão de passo, em função do comprimento de seus membros inferiores;
32- O pedestre cego costuma ser muito observador; ele desenvolve meios e modos de saber onde está; ao sair de casa ele faz o que todos deveriam fazer; informa-se sobre o caminho a seguir para o seu destino; na primeira vez poderá errar um pouco, mas depois raramente se enganará; saliências, depressões, ruídos e odores característicos, servirão para sua melhor orientação.
33- Não tenha constrangimento ou desconfiança em receber ajudar, aceitar colaboração por parte de alguma pessoa cega; tenha sempre em mente que o potencial de conhecimento, é inerente a todos.
GRAFIA BRAILLE
(Documento elaborado pela equipe de acessibilidade do instituto Benjamin Constante (79) 3179- 1886)
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